CASO 3
João, 23 anos
O seu nome não interessa. Podia chamar-se Luís, Paulo ou Joana. A sua história é igual a muitas outras. Hoje tem 23 anos, porque optou entre a vida e a morte.
"Aos 15 anos experimentei o meu primeiro charro, aos 21 anos quis acabar com a vida. Apetecia-me morrer, estava farto de tudo.
Foi no grupo de amigos que surgiu o primeiro charro, tinha 15 anos, só para experimentar como era. Pensava eu que isso me tornaria mais homem. Pura ilusão, reconheço hoje."
No seu caso, o grupo foi o principal impulsionador para o consumo da droga.
"Acho que o que conta para se começar a consumir é o grupo de amigos com quem se convive. Se estás num meio onde toda a gente fuma, tu também fumas, se deixarem de fumar se calhar também deixas.
Levou alguns anos a passagem do haxixe à cocaína e heroína. Tinha consciência do que poderia acontecer. Mas uma noite de copos pode levar a tudo.
No dia seguinte fui trabalhar com uma directa, levei o dia todo mal disposto e disse para mim próprio que nunca mais. Mas nem todas as promessas se cumprem. Experimentei uma segunda vez e uma terceira, e quando dei por mim já não poderia passar sem ela."
A vida do João mudou completamente, o branco virou preto, a noite passou a dia, o tudo passou ao nada.
"Na altura estava a trabalhar num hotel,e quando comecei a consumir regularmente, comecei a faltar..."
O centro do seu mundo passou a ser o arranjar mais uma dose por dia. O resto não interessava.
"Vendi tudo o que tinha. Como todos, passei a ser consumidor - traficante para sustentar o vício. Até que um dia fui apanhado pela polícia e fui parar a um Estabelecimento Prisional, onde cumpri alguns anos de pena."
Após o cumprimento da pena olhou para si e não gostou do que viu.
"Estava magro, demasiado magro, e sem forças. Mas com algum apoio e força de vontade consegui libertar-me."